sexta-feira, 1 de abril de 2011

Ricardo "Cachorrão" Almeida se aposenta do MMA.



Após quase 11 anos no MMA, o ex-médio e atualmente meio-médio, Ricardo 'Cachorrão' Almeida, decidiu se aposentar do esporte aos 34 anos de idade. 
  
"Em 2008 eu decidi voltar para o MMA", escreveu Almeida em um comunicado publicado na sua página do Facebook . "Desde então, tenho tido o privilégio de lutar oito vezes no UFC. Como um competidor, não existe maior emoção do que ficar no centro do octógono com as mãos levantadas. 

Esses quase quatro anos têm sido de uma luta pessoal para encontrar equilíbrio entre minha carreira, cuidar do meu filho, que foi diagnosticado com autismo logo depois que assinei um contrato de seis lutas com o UFC, crescer com meus ensinamentos na academia de Jiu-jitsu e os deveres familiares que todos nós temos.   
MMA é um esporte grande, mas também física e mentalmente implacável. É uma tarefa perigosa entrar no octógono, especialmente se seu foco não está em 100%.   
Depois de muita discussão desde minha luta no UFC 128, eu decidi me afastar do esporte como lutador".  

Nascido em Nova York, Cachorrão e sua família se mudaram para o Rio de Janeiro, onde começou a aprender o Jiu-jitsu na Gracie Barra, quando tinha 15 anos. Um estudo rápido da arte suave, e ele logo encontrou com o homem que se tornaria seu mentor, Renzo Gracie.  

"Renzo é um grande cara", disse Cachorrão de seu professor, quando eu falei com ele antes de sua estréia no UFC em 2001. "Para começo de conversa, ele era como um ídolo, quando eu iniciei meus treinamentos. Ele era o único faixa preta na academia quando eu comecei a treinar, então ele tem sido como um ídolo da minha infância. Mais tarde, quando me mudei para cá, tornou-se um amigo e algo semelhante a um pai para mim. Você pode ver como ele é muito respeitado no mundo do MMA. Ele é uma pessoa agradável, muito amado. Ele está definitivamente aqui conosco, com todos os alunos. Renzo é o tipo de pessoa que a última coisa que se aprende com ele é o Jiu-Jitsu. Ele vai ensinar coisas como honra, respeito, e todas aquelas coisas que realmente importam". 
  
Estes foram todos os aspectos do ensino que Cachorrão trouxe para seus alunos quando ele abriu sua própria academia em Hamilton, Nova Jersey, e apesar de todos os seus títulos nas lutas - incluindo o status de tetra-campeão brasileiro, campeão Pan Americano '99 e duas medalhas de prata no ADCC Submission Wrestling World Championships, ele permaneceu humilde carregando os ensinamentos Gracie e se tornando um mentor de atletas como o campeão leve do UFC Frankie Edgar, Kris McCray, Nick Catone, entre outros.   
   
Em dezembro de 2000, ele decidiu colocar o seu treinamento de Jiu-jitsu em ação no MMA, e estreou com uma vitória por decisão sobre Akira Shoji no Pride 12. Cinco meses depois, ele estava no UFC, e apesar de ter perdido dois dos três embates em sua primeira passagem no octógono, ele estava trazendo uma nova perspectiva para um jogo ainda incompreendido na época.   

"Muitos rotulam os lutadores de estúpidos e maus, e que não se preocupam com nada além de lutar", disse ele antes de sua estréia no UFC contra Matt Lindland. "Mas quando entramos no ringue não temos que ser maus. Não há esse sentimento para com o outro cara. Isso confunde o seu julgamento e só vai ser prejudicial ao seu desempenho, e não traz nada de bom. Então, a coisa mais difícil para mim é tentar e ter uma mentalidade boa para a luta, mas no dia-a-dia, durante os treinos, estou fazendo outras coisas para não me tornar um lutador com esse estereótipo".

Depois de deixar o octógono com uma derrota para Andrei Semenov no UFC 35 em janeiro de 2002, Cachorrão voltou para o Japão e se tornou um legítimo médio com seis vitórias consecutivas no Pancrase e no Pride, incluindo triunfos sobre Ikuhisa Minowa, Kazuo Misaki, Nate Marquardt e Ryo Chonan. Mas após a luta Chonan, em 2004, ele iria deixar o esporte há quase quatro anos. 

"Quando eu deixei o esporte, na minha mente eu não tinha dúvidas", disse Almeida em 2008. "Não era como se não amasse o esporte, porque eu amo, mas deixei de me concentrar na minha escola, na minha vida pessoal, e passar mais tempo com minha família. Meu filho tinha dois anos de idade na época, minha mulher estava grávida do nosso segundo filho, e eu só queria tempo para me concentrar na minha família e na minha vida fora do ringue. Sentia que era um lutador muito bom, mas eu não quero lutar mais dez anos e depois olhar para trás e ver que foi uma bagunça. Temos sido capazes de construir uma bela família, temos três filhos, e temos uma escola com mais de 400 alunos ativos e eu estou na escola todos os dias".  
  
Em 2007, ele decidiu que era hora de retornar, e em fevereiro de 2008, com um novo contrato com o UFC na mão, ele pisou no octógono mais uma vez. Esta segunda passagem foi muito mais bem sucedida, Cachorrão fez o cartel de 5-3, incluindo vitórias sobre Rob Yundt, Matt Horwich, Kendall Grove, Matt Brown e TJ Grant.  

Em sua última luta, no UFC 128 em 19 de março, ele perdeu uma decisão apertada diante de Mike Pyle, encerrando sua carreira com um recorde de 13-5.  
    
Mas a carreira de Cachorrão nunca esteve nessa de derrotas e vitórias. Tratava-se de coragem, classe e exposição dos valores que ele tinha conseguido na academia e apresentado para o mundo. E apesar da idade, o faixa preta de Jiu-jitsu tem sido sempre um "velho sábio" que ainda nem chegou aos 35. Ele ainda era um estudante da Universidade Rutgers, na primeira vez que falei com ele em 2001, e ele parecia muito maduro para 24 anos. Perguntei se ele sentia que tinha perdido as coisas por, basicamente, crescer em uma academia de Jiu-jitsu.  
    
"Eu acho que a vida não é só divertimento", disse ele. "Você está aqui para fazer algo, e Jiu-jitsu está, definitivamente, ajudando a moldar a minha personalidade, e lutar é moldar a pessoa que eu sou. Muitas coisas, tais como honra, respeito, e todas aquelas coisas que temos no esporte e que muitas pessoas não percebem. Mas, assim como em qualquer esporte ou na vida de alguém, haverá um tempo que me afastarei e vou seguir em frente com minha vida. Eu não diria que eu perdi alguma coisa. Eu definitivamente não tenho uma vida normal. Viajo muito mais do que alguém da minha idade. Eu nunca estou em casa e eu realmente sinto falta de sair com meus amigos, mas isso faz parte da vida que escolhi e tenho certeza que terei muito vindo dessa vida". 
  
Cachorrão terminou a sua declaração de aposentadoria com um: 
  
"Vou continuar a apoiar plenamente o UFC como treinador e, claro, como um grande fã. Gostaria de agradecer ao Lorenzo Fertitta e Dana White por sua liderança e visão que trouxe o esporte a novos patamares. Gostaria também de agradecer a Joe Silva por ter me dado a oportunidade de competir entre os melhores artistas marciais do mundo.  
    
Renzo Gracie, Mark Henry, Frankie Edgar e todos os meus companheiros, sem eles, eu não poderia ter passado por esse desafio.  

Finalmente, gostaria de agradecer à minha esposa, filhos e família, assim como os meus alunos. Vocês vão ter a minha dedicação integral a partir daqui.    
    
Finalmente, aos fãs do MMA que fazem do esporte o maior que existe". 
  
Obrigado Professor.   

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